sexta-feira, 29 de junho de 2007

Décimo Oitavo Capítulo - Do Equilíbrio


Equilíbrio é um estado, uma condição, por princípio instável. É impossível manter o equilíbrio indefinidamente, mas, mesmo assim, nossa busca pela permanência deste estado é eterna.
Talvez pela nossa própria busca incessante pela segurança. Talvez porque a instabilidade nos apavore, talvez porque não admitamos que nem tudo possa ser permanente e eterno - nada o é neste nosso mundo, aliás.
Esta nossa teimosia é que nos impede de ver que o equilíbrio só pode estar presente num estado dinâmico. Como o andar de bicicleta, em que quanto maior a velocidade, maior o equilíbrio.
Admitir a dinâmica, o movimento, a transformação. Tudo isto auxilia no equilíbrio, trabalha a nosso favor, contribui, aprimora, desenvolve.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Décimo Sétimo Capítulo - Das Portas

Portas existem para abrir e fechar. Nada mais conspícuo. Há aquelas simples, de compensado, quase uma cortina de tão frágeis. Há as sólidas, como os portões dos castelos de antigamente, que impõem respeito temeroso.
Portas, em si, quaisquer que sejam, trazem um certo receio, diferentemente das janelas. Janelas se expõem aos olhos - mesmo as fechadas - e só o que se espera é a invasão de um olhar, nada que ameace quem está por trás da janela, nenhuma responsabilidade para quem olha.
Portas, não. Portas são uma possibilidade, uma escolha, seja para entrar, seja para sair. Escolha feita, decisão tomada, responsabilidade assumida - mesmo que seja a de não sair ou não entrar.
Portas impõem uma atitude, daí sua imponência. Pior, esta imposição deriva da nossa própria fantasia - quem nunca parou diante de uma porta a imaginar o que se seguiria após ultrapassar sua soleira?
Prefiro acreditar que, mais que proteger, portas existem para serem abertas, como os nossos braços, a receber num abraço quem o faça por merecer.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Décimo Sexto Capítulo - Das Presenças e das Ausências

Presenças trazem conforto, ausências, melancolia. Não obstante, ausências podem também trazer presenças, porque a ausência é mais do que a não presença, é a presença que não está, não a que não é.

Complicado? Nem tanto. Quantas vezes não nos lembramos de quem não está, mas permanece? Pelo que fez - ou pelo que não fez. Pelo amor que dedicou, pelo apoio, pela solidariedade que emprestou, sem nada pedir em troca.

Ausências são tão importantes quanto as presenças, porque também são. Porque existem a partir dos exemplos, deixados, seguidos, presentes.

Assim, ausências e presenças são a mesma coisa, têm a mesma importância, o mesmo peso.

Porque exemplo são assim mesmo: nos tomam pela mão e seguem conosco pelo resto da vida.