sexta-feira, 15 de junho de 2007

Décimo Sétimo Capítulo - Das Portas

Portas existem para abrir e fechar. Nada mais conspícuo. Há aquelas simples, de compensado, quase uma cortina de tão frágeis. Há as sólidas, como os portões dos castelos de antigamente, que impõem respeito temeroso.
Portas, em si, quaisquer que sejam, trazem um certo receio, diferentemente das janelas. Janelas se expõem aos olhos - mesmo as fechadas - e só o que se espera é a invasão de um olhar, nada que ameace quem está por trás da janela, nenhuma responsabilidade para quem olha.
Portas, não. Portas são uma possibilidade, uma escolha, seja para entrar, seja para sair. Escolha feita, decisão tomada, responsabilidade assumida - mesmo que seja a de não sair ou não entrar.
Portas impõem uma atitude, daí sua imponência. Pior, esta imposição deriva da nossa própria fantasia - quem nunca parou diante de uma porta a imaginar o que se seguiria após ultrapassar sua soleira?
Prefiro acreditar que, mais que proteger, portas existem para serem abertas, como os nossos braços, a receber num abraço quem o faça por merecer.

2 comentários:

R de Regina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
R de Regina disse...

Abrir a porta e logo em seguida receber com um abraço....
Coisa boa de se viver!