sábado, 10 de fevereiro de 2007

Sétimo Capítulo - Dos Números

Números têm um sabor todo especial, já que são a abstração da abstração, um conceito dentro de um conceito, uma linguagem emprestada para dar forma e significado ao permanente sentimento humano de quantificar as coisas, medir, avaliar.
Nem sempre corresponderam a sinais específicos - na antiga Roma, as letras também representavam números, o que, aliás, deve ter sido o terror de todo ginasiano daqueles tempos (já imaginou efetuar uma operação como MCMXXVII x DCL?)...

Mas não é esta a nossa preocupação; nossa questão é a relação dos números com as pessoas, especialmente essa mania de medir. O ser humano é o único animal que se preocupa em medir o tempo, por exemplo. Os animais em si, percebem o passar do tempo por instinto; é uma constatação, apenas. Só o homem mede, quantifica, realmente percebe o passar do tempo. Verifica, por exemplo, que existe um tempo real e um tempo relativo - aquele que demora a passar, ou passa rápido demais. O mesmo minuto dura horas ou poucos segundos, a depender da situação.

Por que essa preocupação com o medir? Por que essa ilusão de que sabemos exatamente quando, quanto? Por ilusão, mesmo. É isto que nos dá a falsa segurança de que controlamos o mundo, quando, na verdade, é ele quem nos controla, aumenta nossa ansiedade, nos obriga a correr para que possamos contar com mais tempo livre - o que quer que isso signifique.

Al Karismi é que estava certo, ao dizer que medir é comparar. O problema não está no conceito, mas no estabelecimento das comparações. Nem sempre a quantificação é possível, ou absoluta, ou necessária. Ou desejável.

Um comentário:

R de Regina disse...

Dia sim
Dia não
Dia bão
Dia após dia.
Quanto pesa?
Que altura?
Demora muito?
Foi rápido.
Nossa quanta coisa escrita.
Beijos "mil"