terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Oitavo Capítulo - Dos Elogios e Maledicências

Se elogios aquecem e confortam, maledicências fazem ferver. E, no entanto, são extremos opostos do mesmo caminho. Ambos se aplicam normalmente a quem foge dos padrões. Por motivos diversos, são armas - uma, do bem; outra, do mal. São arma do bem quando verdadeiros, sinceros, ditos ou escritos acima e além da simples vontade de agradar, sem objetivos sujacentes. São arma do mal quando - independentemente de se basearem na verdade ou na mentira - têm por objetivo único torpedear a reputação.
Palavras, aqui, têm participação coadjuvante. Um elogio pode ser feito mediante um olhar, um sorriso, um toque, uma atitude. Maledicência, também. Não com o mesmo olhar terno, mas esquivo; não com um sorriso caloroso, mas irônico; não com um toque de apoio, mas de exclusão; não com atitude solidária, mas dissimulada.
Tirante esta diferença conceitual, são iguais. O que os torna diferentes entre si é a sua capacidade de classificar as pessoas - sejam as que são objetos de seus efeitos, sejam as autoras.
Vivemos em uma época de amplo acesso a informações. É natural que estas informações, porém, sofram todo o tipo de interpretações, deformações, edições. O resultado é que, de maneira geral, recebemos versões, não fatos; opiniões, não descrições. E, pela própria diversidade de informação à escolha, poucos se dão ao trabalho de ir em busca dos fatos.
O problema deve estar aí. Fatos são o que são, não o que queremos que sejam. São desinteressantes, às vezes; racionais, em sua grande maioria; incontestáveis, sempre.

Um comentário:

R de Regina disse...

Deveríamos sempre evitar concluir a partir do nada.
It's all.