domingo, 4 de março de 2007

Décimo Capítulo - Das Origens

Tal como a língua, somos quem somos por força de quem viemos. É o Gênese imperativo, em que parte corresponde à matéria-prima original, parte vai se acrescentando ao longo do caminho. Porque o caminho influi. Os encontros trançados pelo viver diário, abertos e disponíveis para quem saiba enxergar, ouvir, aprender, vão trazendo novos significados, novos conceitos, que se ligam e incorporam a tudo o que veio conosco.
O depósito primordial vai se ampliando, dando espaço e guarida a um sem-número de signos, símbolos, interpretações, que enriquecem ou substituem os originais, demonstrando, mais uma vez, que nós mesmos, como a língua, estamos vivos, somos dinâmicos, estamos em permamente mudança.
Algumas coisas, porém, permanecem. Como aos fundações de uma cúpula, seus pontos de apoio são. Não estão ou ficam. São, apenas, graças à sua essencialidade. Para alguns, é o caráter. Para outros, o exemplo. Para uns tantos, regras morais aprendidas à força de muito discurso e castigo.
Mas permanecem. Desafiam os tempos e as novidades - sem lutar contra elas, é verdade, porque as próprias novidades reconhecem essa essencialidade.
Reconhecer, respeitar, venerar nossas origens é, portanto, imperativo. É bom lembrar, porém, que devemos nossa própria parcela de contribuição a este Gênese. Motivo pelo qual há que acrescentar, mudar, aprimorar, viver.
Hodie, semper.

2 comentários:

R de Regina disse...

Texto irá comigo com o devido crédito.
Baci

Flavio Valsani disse...

Grazie tanti, ma molto de questa lettera, tu que me ha lasciatto per la vita nostra...