sexta-feira, 9 de março de 2007

Do Dez + Cinqüenta e dois

O dez é a base do sistema, é natural, é intuitivo - ao olhar as duas mãos, você vê o dez.
Ele satisfaz a nossa busca pela perfeição, por conter um ciclo inteiro, estabelecer um marco, uma série, um número completo.
São dez os mandamentos que se propõem manter nosso mundo em paz e o ser humano em harmonia.
É o dez o responsável por armar o jogo – o meia avançado, como dizem os antigos boleiros. Aquele que faz a ligação entre defesa e ataque. Ele fica lá, naquele grande círculo do meio-campo, olhando, acompanhando os acontecimentos.
De repente – não mais que de repente – descortina a jogada. Recebe a bola, vê o lateral descendo, vai tocando, meio que com preguiça, como se fosse o mestre-sala e ela, a bola, uma porta-bandeira. Quando todos esperam o passe, ele dribla e segue. Quando todos esperam o drible, ele passa. Na medida, de bandeja, com efeito.
Mas o dez não acaba aí. É apenas um brinde, um surpreender a multidão durante um espetáculo ainda em andamento. E, exatamente porque a bola reconhece quem a trata bem, ela volta ao dez, pitagoricamente, demonstrando que a tabela obedece a clássica regra do a2 = b2 + c2 . E é gol. Sempre. Todos os dias, mesmo que sejam 19, 8 ou 27. Porque o dez é mesmo insuperável, indispensável, inesquecível.

2 comentários:

R de Regina disse...

Teria sido no ano de 1955,era esperado um boleiro.
Frustação paterna..
Fui na vida, como o dez que você descreve tão bem.
Fui talentosa no tapete verde,tratei com cortesia os adversários,sem esquecer que bola na trave, não altera o placar.
Para os que não se alegraram, a energia divina me deu força para superar as dificuldades.
Sempre a mesma bandeira.
Sempre....

Ao ítalo-brasileiro, que fez este texto.
Grazie per tutti.
Gracias siempre.

Anônimo disse...

Ai que fofos.

"Tudo bem simples. Tudo Natural. Um amor moreno. Fruto tropical...
Eu pensei te dizer tantas coisas, mas pra quê? Se eu tenho a música..."